quinta-feira, 25 de abril de 2013

BRINDANDO À TEIMOSIA


Num tempo em que a cultura ainda é vista como sobremesa; num clima em que se dispensa a sobremesa e se passa ao cafezinho; numa capital em que, em 1954, existiam quatro bibliotecas municipais, e em 2013, temos duas; numa cidade que tem, desde 1990, a Lei Orgânica com o capítulo de cultura mais avançado do país, e nunca posto em prática, ante o tripé de omissão constituído por governantes, parlamentares e entidades civis; num Recife em que um magalhônico prefeito se desfaz de dois ônibus-biblioteca com mais de dez anos de bons serviços, que são prensados e transformados em ferro-velho; sob o império da política cultural governamental montada nas ações pontuais e no evento pelo evento; ante a necessidade popular de
comer pelo menos três vezes por dia e alimentar-se, também , de cultura, dá satisfação ver um grupo como o João Teimoso chegar aos doze anos de existência, deitando raízes e gerando frutos.

Raízes inicialmente fincadas num bairro da periferia, mesclando arte e formação, de profissionais e plateias, fazendo brotar flores e frutos diversos no jardim plural das artes cênicas. Raízes que se estenderam às ações de guerrilha cultural em frentes de batalha mais amplas pelo acesso à cultura por parte de comunidades e cidadãos, aficcionados, artistas amadores e profissionais. Raízes que fortalecem a luta por teto, terra, trabalho , saúde, educação, cultura e lazer para todos. 


Raízes que geraram árvore com safras permanentes. Arvore que abriga cursos, agência de talentos, empresa e saraus de pontes abertas ao encontro de experiências, linguagens artísticas e gerações.

Por tudo isto, brindemos à existência do Grupo João Teimoso, árvore de arte e cultura legando sombra e frutos aos viajantes na linha do Equador.


Autor: Marcelo Mário de Melo